Metalinguagem

domingo, 9 de maio de 2010

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Do caderno de uma amiga
Algumas poesias eu li
E encontrei disparates
Escondidos em sutilidades
Das quais não pude deixar de rir

Por que só em noites frias
É que sentimos solidão?
Será que ninguém é solitário
E sofre o vazio de não ser amado
Em tardes quentes de verão?

E por que é sempre a lua
que inspira os apaixonados?
Ninguém declama ao sol,
O astro rei, pobre coitado
Que sempre é deixado de lado.

E que o escapismo covarde
Dizer que dói o tal amor
Pois é a rima mais fácil, de fato,
Entre dois substantivos abstratos
Que nem aqui ouso pôr.

Ah, poesia, poesia
Por que gasto contigo
Linhas e linhas de minha grafia
Já que tudo o que é poético
Me soa assim, meio patético?

E nessa poesia diária
Onde todos os amantes sofrem
Sigo sozinho porque o quis
Pois se amar é José de Alencar
Minha vida é Machado de Assis.

         Daniel Colicchio Aliprandini