Horas mortas

domingo, 21 de fevereiro de 2010

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          Breve momento, após comprido dia
          De incômodos, de penas, de cansaço,
          Inda o corpo a sentir quebrado e lasso,
          Posso a ti me entregar, doce Poesia!

          Desta janela aberta à luz tardia
          Do luar em cheio a clarear o espaço,
          Vejo-te vir, ouço-te o leve paso
          Na transparência azul da noite fria.

          Chegas. O ósculo teu me vivifica.
          Mas é tão tarde! Rápido flutuas,
          Tornando logo à etérea imensidade;

          E na mesa a que escrevo apenas fica,
          Sobre o papel ─ rastro das tuas ─ asas
          Um verso, um pensamento, uma saudade.

                                                              Alberto de Oliveira

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