Breve momento, após comprido dia
De incômodos, de penas, de cansaço,
Inda o corpo a sentir quebrado e lasso,
Posso a ti me entregar, doce Poesia!
Desta janela aberta à luz tardia
Do luar em cheio a clarear o espaço,
Vejo-te vir, ouço-te o leve paso
Na transparência azul da noite fria.
Chegas. O ósculo teu me vivifica.
Mas é tão tarde! Rápido flutuas,
Tornando logo à etérea imensidade;
E na mesa a que escrevo apenas fica,
Sobre o papel ─ rastro das tuas ─ asas
Um verso, um pensamento, uma saudade.
Alberto de Oliveira
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