O assassino era o escriba

terça-feira, 27 de abril de 2010

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 Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito
inexistente.

Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida,
regular como um paradigma da 1ª conjugação.

Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.

Casou com uma regência.

Foi infeliz.

Era possessivo como um pronome.

E ela era bitransitiva.

Tentou ir para os E.U.A.

Não deu.

Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.

A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.

Um dia matei-o com um objeto direto na cabeça.

                                  Paulo Leminski. Caprichos e relachos.

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